Mudanças impactam não só TI, mas outras áreas. Como ficar em linha com essa transformação? CIOs respondem
A Era Digital está mudando comportamento e atuação das empresas no mercado. Para conversar sobre o tema, oito CIOs foram convidados para participar do IT Forum Expo, realizado nos dias 8 e 9 de novembro, em São Paulo. Para se adaptar ao novo cenário, empresas como Avon e Vivo já separam 50% de seu budget para áreas de inovação e tecnologia.
Alessandra Bomura, CIO da Telefônica Vivo, explica que a indústria de telecom está se transformando e as receitas tradicionais, baseadas em voz, diminuindo. Por isso os investimentos estão em inovação e transformação para diminuir os ciclos de mudanças e englobar todas as áreas para que a decisão de construção desse futuro seja mais assertiva. “Mais do que blindar recursos, é importante saber essa nova forma de trabalhar”, afirmou.
Cada empresa tem sua maneira de entender e fazer a desconstrução de um modelo de negócios tradicional. A Magazine Luiza decidiu criar uma área chamada ‘Luiza Labs’, que começou com três pessoas e, três anos depois, já tem mais de cem. Nela, diz Marcelo Koji, CIO da companhia, há a discussão e criação de uma cultura digital, desenvolvimento de projetos, adoção de tecnologias disruptivas, equipes colaborativas, entre outros.
Mesmo empresas que, aparentemente, não se vejam tão pressionadas para mudar seu perfil, estão se adaptando. É o caso da General Eletric. De acordo com Loic Hamon, CIO da GE, a organização entendeu algumas macrotendências que fazem com que o DNA da companhia mude com base em duas frentes. A primeira é pautada na criação de uma economia de plataformas e ecossistemas e, a segunda, sensorização do mundo industrial. “O nosso produto hoje vem com uma camada de software embutida e conectada em nuvem em uma plataforma”, frisou.
Com a responsabilidade, vem a pressão na equipe de TI. É importante demonstrar para os colaboradores a importância de seu trabalho e incentivá-los a criar cada vez mais. Para Alexandre Baulé, CIO da Embraer, diante desse contexto é necessário criar um senso de propósito na equipe. “Se você consegue engajá-los no negócio e fazê-los se sentir parte da empresa, eles se sentirão motivados”, disse.
Roberto Marucco, CIO da Avon, complementou afirmando que é preciso alinhar a área de negócios com TI. De acordo com ele, é importante diminuir o hiato entre o uso da tecnologia dos jovens em casa e nas empresas. Afinal, eles não querem ter uma experiência melhor na sua vida pessoal que no trabalho. A comunicação entre colaboradores e companhias parece ser um dos principais desafios atualmente.
“De um lado, existe essa falta e esse problema de comunicação e treinamento. E do outro lado, os usuários estão mais capacitados. Ninguém ensina a usar o Facebook e o LinkedIn”, exemplifica Eduardo Kondo, CIO da Aché. Como forma de diminuir esse gap, a empresa farmacêutica tem dois projetos internos: “Conheça nossa área” – quando a equipe de TI apresenta o que está fazendo e quais são as projeções para todas as áreas da empresa; e “Líderes do futuro” – onde a apresentação é feita para trainees, estagiários e gestores recém-contratados.
E se todas as esferas estão envolvidas na revolução digital, o Governo não poderia ficar de fora. “Nós mapeamos, não faz muito tempo, um conjunto de iniciativas que chamamos de projetos estruturante e estamos pensando nisso com o objetivo de fazermos algumas transformações importantes. São cerca de 15 projetos com foco para 2018. De um lado ele vai dar ganhos importantes de produtividade aos órgãos que são seus usuários (como a Secretária de Educação, Saúde e Segurança) e, por outro lado, atender melhor o cidadão”, revelou Célio Bozola, CIO da Prodesp.
Pensando no melhor atendimento, o Banco Original usa as redes sociais para ajudar seus clientes. “O cliente Original, hoje, consegue checar saldo, extrato e fazer transferências para outras contas Original no Messenger do Facebook”, disse Wanderley Baccalá, CIO do banco. Para ele, se inserir no dia a dia e ser open bank vai ditar um pouco do futuro no mercado financeiro.
Com sua visão financeira, Baccalá ressaltou a importância da segurança nos projetos. De acordo com o executivo, segurança deve ser discutida no início e não no final do projeto. Colocar a segurança em evidência não é importante não somente para deixar a empresa segura, mas o cliente também.
Koji finalizou com uma analogia sobre a relação entre inovação e segurança. As companhias devem lidar com um carro de corrida, que não pode ficar na média para não ficar para trás. Deve frear com sabedoria para ganhar corrida, mas sem bater no guardrail.